quarta-feira, janeiro 24, 2007

Às Mulheres...


Muito se tem falado e escrito sobre o assunto mas normalmente reduzindo-o à sua expressão básica: “aborto”. A abordagem do assunto tem várias perspectivas mas não sejamos reducionistas. É nos pedida uma opinião, não é pedido para votar no partido A ou B.

O assunto tornou-se religioso ultrapassando o político-social... ultrapassando os aspectos económicos e saúde pública da questão.

Assumo abertamente a minha posição de ser contra o “aborto”, assim como de ser a favor da despenalização do mm.

Quando digo que o assunto se tornou religioso, falo de uma religião que amealha às custas dos seguidores, vivendo no meio do conforto e opulência achando-se no direito de ditar regras absurdas e moralistas para aqueles que não têm condições para viver com dignidade.

As mulheres que no anterior referendo se demarcaram não só de terem uma opinião, abdicaram confortávelmente de assumir a sua posição como cidadãos de pleno direito manchando a memória de tantas mulheres que lutaram por uma igualdade de direitos na sociedade (ainda...) machista em que vivemos.

Sociedade machista que teima em não assumir os seus erros e bloqueando o acesso das mulheres a lugares de chefia... ainda que as excepções confirmem a regra. Sociedade machista que apoiada por uma religião também ela machista que pede a sujeição da mulher ao homem.

Outras perspectivas ligadas à educação, planeamento familiar e saúde pública têm também a sua importância, mas o lugar da mulher na sociedade parece-me de maior importância para que se possa defender a vida com dignidade.

Por mim tudo bem, sou homem. Não sou eu que tenho de lutar para que a sociedade seja mais justa e igualitária. Não sou eu que tenho de lutar pelo controlo do meu corpo. Apenas posso apoiar a vossa luta. Não basta serem mais inteligentes e mais trabalhadoras que os homens, senão tiverem uma opinião firme e vincada, não passam de cidadãos de 2ª.

Dia 11 de Fevereiro, eu dou a minha opinião e vocês?

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Raras vezes faço acrescentos aos meus posts mas achei por bem partilhar convosco as opiniões do Bispo de Viseu, D.Ilídio Leandro. Será a Igreja Católica começa a revolução em Viseu?


6 comentários:

arwen disse...

Parabéns pela opiniao e pela escolha.
Já respondi à tua questão no meu blog
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Anónimo disse...

Espero k haja mais mulheres a pensarem e expressarem-se como tu.

Anónimo disse...

Partilho inteiramente a tua opinião!

Apelo a todas as mulheres que também expressem a sua opinião no dia 11.

Afinal respeitemos a memória daquelas que lutaram para que tivessemos o direito de voto.

Bjs.
A.

Anónimo disse...

Sendo esse um assunto que, sempre que se fala, deixa-me impertigada quando alguém não é da mesma opinião que eu, fico feliz por pensarmos da mesma forma (não que eu não soubesse) e por partilhares com todos a tua opinião.
só tenho pena que não possa votar mais do que uma vez no dia 11.
pena é que as pessoas ainda acham que votam a favor do aborto... não sei se por ignorância se por falta de informação.
sinto mesmo que se, desta vez o sim ganhar, e assim o espero, haverá um pouco menos de hipocrisia e mais dignidade.
baci per te bichotó

Patanisca disse...

Sinceramente, não estou muito convencida que dia 11 alguma coisa mude. Vivemos num pais de hipócritas. Sabem que as coisas se passam, e muitas vezes em condições desumanas, e continuam a levantar a bandeira do "sim à vida". E quando nós muito bem sabemos, que são muitos desses hipócritas, que podem pagar uma simpática e quiçá agradável viagem a Espanha fazer resolver o “problema" em clínicas de luxo. Quem não tem essas condições financeiras, fica por cá e sujeita-se a ter um filho que não desejou, ou que não viva nas condições que merece, ou então submetem-se a uma enfermeira reformada com casa aberta num vão de escada.
A plataforma do Não, faz um discurso como se alguém fosse a favor do aborto, como se, caso o Sim ganhe, todas as grávidas passem a ser obrigadas a abortar. É muito triste esta discussão. É triste que em 2007 se continue a falar disto. Mais que tudo isto, o que mais me ofende é que referende uma questão de saúde pública.

Enfim, estamos em Portugal, país este repleto de Portugueses.

Eu cá dia 11 voto.

Anónimo disse...

Partilho o Sim, e aguardo ansiosamente que não só mudem a lei, como um dia o homem se sinta parte deste processo. Que tal despenalizar a participação activa do homem no aborto também???

Mag